top of page
Buscar

O Pato Donald

  • Foto do escritor: Adilson Dos Santos
    Adilson Dos Santos
  • 8 de jan.
  • 4 min de leitura

Antigamente, mas muito antigamente mesmo, era comum que as pessoas não soubessem ler nem escrever. Esses tesouros eram reservados apenas para a nobreza e o clero. A cultura popular profunda era transmitida oralmente, através dos contos de fadas e outras histórias que ocultavam exemplos e valores da vida. Por exemplo, a bela história da Branca de Neve e os Sete Anões ou a de Cinderela. Em rápidas palavras, podemos encontrar nas duas histórias a figura da mulher má, da bruxa que é derrotada quando surge então a figura da heroína salva, bela e jovem. As duas histórias ensinam sobre o momento em que, através da bruxa que representa a mãe que impele a menina adolescente, representada pela heroína, o deixar os sonhos da adolescência para que assuma a condição de mulher madura e plena. Há outros significados ocultos nessas histórias, mas não é minha intenção discuti-los aqui. Há pessoas melhor preparadas do que eu na área de humanas, então deixo esse trabalho para elas.


A classe dominante de cada época sempre procurou dificultar ou mesmo ocultar o progresso das classes economicamente subalternas, pois que é delas que extrai sua riqueza e mantém sua posição de domínio. Por exemplo, examinemos a Europa no século X: a igreja vinha perdendo influência com o enfraquecimento da cultura do império romano, desabado há séculos. A arquitetura das igrejas ainda obedecia ao estilo românico, pesado, com paredes espessas amparadas por contrafortes igualmente espessos, janelas em seteiras. Isso concorria para a formação de um interior frio, escuro e depressivo.                                                                     


Surge então no século XI o aparecimento dos vitrais, com janelas que exigem vãos de luz enormes para exibir toda sua beleza. Esses vitrais, alguns maravilhosos, exibiam passagens da bíblia, enfatizando o Velho Testamento. Considere que a posse e a leitura da bíblia nessa época não eram permitidas ao povo, mas apenas ouvir as vagas interpretações, tagarelices e ameaças contidas nos sermões dos padres. Assim era formada a visão de mundo das pessoas no século X, até o advento dos vitrais, o primeiro áudio visual, digamos assim, já que era interpretado pelos padres do século XI para os fiéis, direcionando seu poder e fortalecendo a Igreja. Dessa maneira, as classes dominantes se apossaram do meio visual para a manutenção do seu poder.    


                                                         

Ufa! Todo esse preâmbulo para chegarmos ao Pato Donald e entendermos essa genial criação de Walt Disney. Tal como nos contos de fadas, há uma estrutura inteligente criada e adaptada para as pessoas do século XX, tal como nos contos de fadas do medievo europeu. Apenas que seu objetivo já não é ajudar no difícil momento do florescer de uma mulher, mas induzir as crianças desde cedo, e através destes novos meios gráficos, a aceitar e obedecer como natural a uma cruel hierarquia de poder. Assim, finalmente, chegamos ao personagem principal de nossa história: Donald nasceu de um ovo obviamente, mas a história não informa de quem. Ele foi criado pela vovó Donalda, que mora numa propriedade no campo. Desde cedo, patinho ainda, Donald apresentou um gênio ruim, irritadiço e que quando contrariado começava a bater a cabecinha no chão com força e se machucaria fortemente, caso não fosse impedido. Até uma vez em que vovó Donalda o levou para visitar um navio aberto à visitação pública onde ele, do colo de vovó Donalda, estendeu os bracinhos e roubou o chapéu de um marinheiro próximo, colocou-o na cabeça e ficou feliz por todo o passeio. Mais tarde, o marinheiro pediu o chapéu de volta, ao que Donald se jogou no chão e começou a bater a cabecinha no piso de ferro. Vovó Donalda obteve o chapéu do marinheiro (a história não informa como) e o deu ao Donald, que nunca mais voltou a bater a cabeça no chão para não amassar o chapéu.


Então, o que essa historinha tem a ver com nossos cristais? Tem tudo a ver e explica a estrutura da sociedade na qual vivemos e de como somos iludidos desde cedo a abrir mão da imensa riqueza que nos pertence em nossa herança no mundo, nos induzindo a ver os cristais sempre através do dinheiro e interpretações vazias.

Em linhas gerais, Tio Patinhas representa o poder econômico, sempre ávido por lucros e mais ouro. Donald somos nós, sempre chateados pelo dinheiro curto que nos impede de alcançar nossos sonhos, sonhos esses que quase sempre necessitam de dinheiro – às vezes muito dinheiro, sem uma atividade econômica substancial que nos dê alegria, realização e prestígio, que nos independa das migalhas do poder econômico, demonstrada no caso a dualidade Donald X Tio Patinhas. Tem ainda o Gastão, sempre todo arrumadinho, com a característica exagerada de ser sortudo, que representa as pessoas do capital, os herdeiros que aparentemente não precisam trabalhar, pela ótica do povo (Donald). Os outros personagens como a Margarida, os sobrinhos, cada um com seu significado que já não cabe aqui explanar, como já dito acima.


Quis, dessa maneira, demostrar brevemente como vivemos em uma realidade opaca, pouco percebida por nós, criada por outros para seu proveito próprio, de como na atualidade somos induzidos a crer num mundo de valores artificiais, na sua maioria; e de como não alcançamos a profundidade da Vida, sempre vivendo num simulacro no qual alguns convivem melhor que outros, mas sempre iludidos por novas crendices que cada vez mais nos afastam do mundo real. Continuamos sendo levados acreditar em imagens, modismos, religiões, e não em seu sentido real, não percebendo as intenções ocultas dos que nos aprisionam, pois o melhor lugar para esconder algo é à vista de todos.


Por favor, examine com cuidado as ideias expostas acima, se têm algum sentido ou valor para você, pois brevemente gostaria de convida-los(as) para meu curso sobre vivência com cristais. Ele será pago, pois aprendi que as pessoas tendem a valorizar mais e naturalmente se envolvem mais quando tem de se separar do seu dinheiro.

Você já leu algo de Mouni Sadhu?

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


© 2024 por Galeano Web Design | Todos os direitos reservados.

bottom of page